segunda-feira, 9 de março de 2009

VI - Cunhã Poranga!


Frase do capítulo:
"O veterinário disse que essa grama vai de nutrir o intelecto dos bodes anorexicos". (Michele Micheletti)

Tião fritava na cama sem saber o que fazer. Pesava os riscos de uma empreitada daquele tamanho com a porrada de zeros que levaria pela missão. Tanto vira e mexe acabou por acordar Filisbina, que sentou-se na cama, acendeu a lamparina e ficou ali, muda. Ela parecia somente esperar uma decisão do marido e concordaria com o que ele resolvesse.

- Tô pensando uma coisa aqui. - disse Tião, quebrando o silêncio.

- Fala.

- Roubar esse boi vai ser osso.

- Mas é por isso que o capitão ta pagando essa grana toda. Diz a lenda que os bois são protegidos pela maldição de Mãe Catirina e Pai Francisco. Quem se atrever a mexer com os bois fica daltônico e com um pinto de 30 cm.

- Porra, perder 5cm de piroca vai ser foda, mas acho que vale o risco. Além disso, sou cético e ateu, graças a Deus.

- O que a gente faz? - perguntou a mulher com a voz triste de quem vai perder um naco de carne.

- Arruma a mala aê.

Tião e a mulher desembarcaram em Manaus na tarde do dia seguinte. Devidamente vestidos de índio, misturando-se aos locais, foram até o balcão da Manaus Tour obter mais informações sobre a festa de Parintins. Saíram de lá com duas passagens de ônibus, um Guia de Etiqueta Tupinambá e o CD do Frank Aguiar. Preparados e satisfeitos, discutiram os finalmentes no caminho.

O Festival Folclórico de Parintins é como qualquer outra festa folclórica: gente feia, música péssima e comida sem procedência. Na noite daquele dia haveria o desfile final dos bois e o momento certo para a captura. Tião já tinha pensado em tudo. Logo que o boi Garantido entrasse em cena, atraindo as atenções para a arena, se infiltraria no staff e sumiria com o Caprichoso. Filisbina, que nesse momento já teria bolagateado os seguranças, estaria esperando do lado de fora com o carro da fuga.

Tião passou pelos portões de trás sem grandes problemas, mas estava com uma leve sensação de tontura e coisinhas brilhando nos olhos. Mesmo assim foi adiante e bateu na porta azul perto do palco. Um homem, nem alto nem baixo, atendeu. Tião foi logo dizendo que era o novo funcionário e que tinha as credenciais, mas o sujeito fez sinal pra entrar e deu as costas antes que ele acabasse de falar.

- Me passa aquele vidrinho de porra. - pediu o sujeito nem gordo nem magro.

- Esse azul?

- É. E anda logo porque morre tudo. Seu Adair me mata.

- O senhor ta fazendo o que?

- Inseminação. Os bode aqui de Parintins viraram tudo viado. Aí tamo importando porra de fora pra poder engravidar as cabrita. Aproveita que tá aí perto da capineira e dá ração pros bicho. Só não deixa eles comer pasto. O veterinário disse que essa grama vai de nutrir o intelecto dos bodes anorexicos.

Os gritos dos nativos na arena fizeram acelerar o coração de Tião. A apresentação já havia começado e ainda estava na ala veterinária da feira agropecuária do festival. Quando saía correndo pela lateral, seu telefone tocou.


- Alô!

*******

A MELHOR FRASE POSTADA NOS COMENTÁRIOS no momento em que o autor do próximo capítulo for escrever será encaixada no texto. Que comece o festival de absurdos! Não vale utilizar nomes próprios e nem as palavras “atossicar, “alcantil” e “sampar”.

7 comentários:

Unknown disse...

Em terra de cego, quem tem um olho é caolho!

Unknown disse...

"Mãe, não tem onde por a porra do pinguim!"

Unknown disse...

Ô cachorro do "História Sem Fim", c já comeu?"

Unknown disse...

Bonjour! Comment ça va?

Thales Machado disse...

"Tava na beira do caos, na beira do caos, numa piração total"

Thales Machado disse...

opa é o thales ali embaixo, e a frase é "tava na beira do caos, tava na beira do mal, numa piração total"

Unknown disse...

Ô cachorro do "História Sem Fim", c já comeu?"