quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

III - Coxona de catupiry



Frase do capítulo:
"E ela disse que só iria pro catinguelê se fosse de sunguete transparente." (Michele Micheletti)


Filisbina não esperava Tião com um rolo de macarrão nas mãos, como ele tinha imaginado, mas estava carrancuda como se fosse. A ranzinzice tinha razão de ser, e era a loiraça belzebu que o marido trazia a tiracolo, balzaca mas com tudo em cima, ultra-sorridente, colares de dentes de cação, tatuagens espalhadas por todo o corpo – incluindo o rosto das três filhas de Baby Consuelo e uma suástica convenientemente transformada em flor – e um nome tão intrigante quanto peculiar: Sol da Meia-Noite.

- Benzinho, esta é a Sol – disse Tião quando chegou, com cara de cachorro quando se prepara pra apanhar.
- Sol, né? Muito prazer. Eu sou Наташа Мария – disse Filisbina, caprichando na pronúncia. Em seguida, virou-se para o esposo – Por acaso ela vai morar com a gente?
- Eu não tenho outra opção, querida. O pajé me incumbiu de trazer a moça pra cá e eu não posso deixá-lo na mão.
- Não pode, é? Pois pensa de novo, porque quem pode deixar você na mão sou eu - sorriu Filisbina, semicerrando os olhos. Tião sabia que quando a mulher sorria e semicerrava os olhos ao mesmo tempo, coisa boa não vinha. Por isso, levou-a ao quarto enquanto Sol da Meia-Noite permanecia em pé no meio da sala, admirando a prataria.

Depois de uma breve discussão, o casal chegou a um acordo. A filha do capitão de Bujari podia ficar, com a condição de morar e dormir no quartinho dos fundos, carinhosamente apelidado de catinguelê. Filisbina não ia tolerar uma norueguesa txucarramãe zanzando o dia inteiro pela casa e tentando o tiãozinho a sair da toca. Tião concordou e anunciou a proposta à sua ilustre hóspede. E ela disse que só iria pro catinguelê se fosse de sunguete transparente.

- Quê?! – exclamaram Tião e Filisbina juntos, esbugalhando os olhos como num mangá de quinta categoria. Sol explicou:
- Se eu vou ficar enclausurada o dia inteiro, melhor que eu use o meu tempo pra treinar.
- Treinar o quê?
- Luta livre.

Todos continuaram sem entender lhufas, e ela achou melhor explicar com calma.

- Todo ano, no Suriname, acontece o Campeonato Internacional de Luta Livre de Mulheres no Catupiry. Desde criança eu sonho em participar desse campeonato, mas nunca pude porque aquele pajé safado não deixava. Agora que eu tô alforriada, vou tirar o atraso e participar dessa bagaça.
- Luta de mulheres no catupiry? – murmurou Tião, já imaginando coisas. – E qual é o prêmio?
- Um milhão de dólares, um helicóptero para fuga e um pacote de pirulitos que deixam a língua azul.

Tião e Filisbina se entreolharam: haviam tido exatamente a mesma idéia.

*****

Em vez da primeira frase avulsa postada nos comentários, dessa vez será a ÚLTIMA FRASE que estiver lá no momento em que o autor do próximo capítulo for escrever a sua história. Não vale utilizar nomes próprios e nem as palavras "blog", "sabujo" ou "jenipapo".

5 comentários:

Unknown disse...

Cães! Fikei esperando só pra por essa frase! Hj, dia 25, natal, eu tô aki postado a frase, então usem ela! Feliz natal, animais imundos!
Frase: "Porra, Marcus Vianna é violinista; Odin é Deus!!"

Rapha Vieira ou um dos seus alteregos disse...

Cara! Sou fã de vcs e fiel seguidor! Gostei da idéia da frase ser sugestão dos leitores...
Lá vai a minha frase então:
"Muqueca de seriguela não se come com o Papa num dia com tanta diarréia"

GIzelle Fonseca disse...

vc´s dois estão os bichos... !!
lá vai a frase...
"So, Suri name, lá eles gostam de angu?"

bjundas Gizelle (ICJ)

Unknown disse...

"Mas não foi possível comer o tacacá pq a boca já tinha queimado com o chá de pequi da Dona Jurema."
Adorei ter tido a chance de participar! Beijos! Mi:)

Unknown disse...

"Porra, Marcus Vianna é violinista; Odin é Deus!!"