segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

II - Tuim-de-papo-vermelho



Frase do capítulo:
"
Para com isso, porra. Já não teve graça no Carnaval e tem menos ainda agora." (Bernardo Silvino)

Tião não esperava ter que encarar o Pajé, assim, tão cedo. Sabia que teria um problema pra resolver, mas ainda não era a hora.

- Наташа, preciso te contar uma coisa antes de encontrar o Pajé.

Filisbina puxou uma cadeira e sentou-se, esperando notícia ruim. Os caracteres especiais lhe davam arrepios. Calores e palpitações atacaram seu corpo descontroladamente. Desde que saíram de Minas pouca coisa espantosa aconteceu e seu coração não era mais o dos velhos tempos.

- Você se lembra daquele carnaval quando o capitão de Bujari me pegou comendo a filha dele em pé? - Tião estava constrangido, mas a conversa era inevitável.
- Me lembro bem. Tenho guardado os dentes que te arranquei. - gaguejou Filisbina, pigarreando.
- Pois quando o capitão nos surpreendeu, mandou que levasse a filha pra longe e gritou aos empregados dizendo que ela havia morrido. Desde então vive como se ela nunca tivesse existido. Acho que ter uma filha que dá em pé foi demais pra cabeça do velho.
- Mas por que está desenterrando isso agora, homi?
- É que não matei a filha do capitão como tinha te falado. Entreguei a moça para o Pajé criar até que completasse 30 anos.
- E completou?
- O prazo acabou ontem.

Um silêncio constrangedor tomou conta da cabana e nenhum dos dois sabia o que dizer. Tião levantou-se arrastando o banco de pau, colocou a xícara sobre a pia e saiu sem fechar a porta. Era como se quisesse deixar o caminho aberto para Filisbina. A traição era coisa do passado e não havia razão para um afastamento. A mulher não se mexeu.

Tião foi anunciado e entrou na oca batendo as chinelas.

- Tuiuiú, meu filho. Chegou a hora de mim entregar procê a moça do cabelo de sol. - disse o pajé, com um sorriso sacana.
- Para com isso, porra. Já não teve graça no Carnaval e tem menos ainda agora. - resmungou Tião, que não gostava do apelido que lhe deram por motivos ainda não revelados. - E ainda por cima minha mulher não vai gostar nada disso. Não posso levar a moça. Esqueceu que só tenho uma mão?!
- Isso é pobrema de ocê, Tuiuiú. Leva a moça que a hora dela chegou.
- Tá certo, eu levo, mas pára de me chamar de Tuiuiú.

6 comentários:

Unknown disse...

AAAAAAAHHH...

Unknown disse...

Dá pra deixar?
"E ela disse que só iria pro catinguelê se fosse de sunguete transparente".
Bjs!Mi:)

Unknown disse...

porra! queria deixar a frase!

Unknown disse...

Mas vc já deixou uma... Minha vez!

Unknown disse...

A mensagem ali de cima é do Bernardo SILVEIRA.

Unknown disse...

AAAAh....tá... obrigada!
Michele :)