segunda-feira, 17 de março de 2008

22 - O começo do fim do meio



Dentro, Vlad e Raul deram uma olhada rápida no lugar usando o instintivo e testosterônico radar de biscate. Um dispositivo frágil, que se desregula completamente sob o efeito de álcool, mas ainda não era o caso. Decidiram que cada um iria para um lado, uma vez que as chances de um pavão e um travesti pegarem mulher no mesmo metro quadrado, são praticamente nulas.

_ O Ninho de Mafagafos apresenta: Natasha Maria e as Eslovacas! - anunciou o anunciador de anúncios.

Vlad parou de tirar a calcinha do rego e, embucetado, olhou para o palco. Era ela, Natasha Maria, dançando requebrante toda sua falta de bunda, seu molejo gringo e alguma negritude. Além de dançar, ela cantava uma mistura de bossa nova com samba de raiz, enquanto as Eslovacas faziam segunda voz e se pegavam sensualmente.

Vladmir não sabia se ficava mais surpreso com o rebolado de Natasha ou com o fato de ela estar feliz naquele lugar. Durante toda sua trajetória desde Pripyat, ele só pensava no sofrimento que devia estar sua amada e quanto custaria o velório, caso a encontrasse em pedaços. Restava agora esperar ela descer do palco e ir lá, tirar satisfação.

Duas músicas e 11 tchutchutchupás depois, acabou o show. Vlad estava impaciente e esperava no fim da escada.

_ Pense bem no que vai falar daqui pra frente. - ameaçou.
_ Sabia que você viria. Te escolhi não foi atoa.
_ Escolheu? Tive que te fazer beber perfume pra você dar pra mim.

O papo é interrompido por um fã da estrela Ucraniana.

_ Tira uma foto nossa, moça?!
_ Moça é seu pai, rapá. Isso é minha fantasia de traveco do serviço secreto.
_ Fantasia? - diz o recém-chegado. - Você está igual!
_ Vou enfiar essa máquina aí atrás e te mostrar a igualdade.

O homem pediu pra cagar e saiu.

_ Bom, continuando. Não to falando dessa escolha. Tem muita coisa que você não sabe sobre mim.
_ É, essa pinta eu não lembrava.
_ Vem cá que vou te mostrar um troço.

Natasha pegou Vlad pelo cotoco e seguiram para os fundos. Uma porta grande a pesada fechava o que parecia ser uma sala, branca e muito clara. Não havia móvel algum, apenas um botão cinza no meio da parede grande. Sobre o botão, uma placa com a frase:
" Falta só o caroço ".

Frase do próximo capítulo: " A resposta estava dentro da cabeça da viúva. "

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