sábado, 1 de março de 2008

18 - Barba, cabelo e bikini wax



_ Um emprego?
_ É, um emprego! De travesti.
_ Travesti?
_ Você é surdo? É, travesti.
_ Mas eu não tenho experiência como travesti. - queixou-se Vlad - Já vesti umas roupas da Natasha uma vez, mas foi só pra ela ver que o absorvente não marcava na calça da Gang.
_ Não se preocupe, você será preparado. É um emprego de agente secreto afetado. Só preciso saber se você aceita. - pressionou o porco, coçando a bunda até onde o braço dava.
_ Aceito, mas com a condição de receber uma informação muito boa sobre o Ninho de Mafagafos.
_Fechado. - concluiu o porco, agora coçando o saco.

Assinado o acordo, Vlad saiu da sala direto para o salão de montagem. No caminho lhe entregaram o resumo do trabalho e os nomes das vítimas. Era bom se apressar, já que o prazo pra concluir o serviço era curto e o briefing estava deveras capenga.

No salão, Rudi, a maravilhosa, esperava aflita. Enfiou-lhe lentes azuis, unhas grandes e vermelhas, peruca acaju médio 635, 300 ml de silicone e uma bunda bem brasileira, atolada com uma calcinha que pinica. A depilação não precisou ser feita graças à fita crepe.

_ Parla! - exclamou a cabelereira e atriz.

Vlad estava irreconhecível. Parecia a Sigourney Weaver, só que mais feminina. Aos poucos ia pegando o gingado, mas a voz e o pomo-de-adão entregavam que ele escondia alguma coisa debaixo da saia.

_ Jacaré no seco anda? - disse o guarda, usando a senha internacional de "Tá na hora".

Seguiram então para os fundos do Reino. No jardim de trás do castelo fica o laboratório do professor Beackman (um cientista americano radicado em Contagem). Ele e seu rato ajudante bolaram uma máquina de teletransporte muito engraçada. Mas muito engraçada mesmo. Bom, isso não é importante. O que importa é que a máquina é parte crucial do plano. Vlad precisa entrar novamente na boca de fumo - digo, Palácio - do governador e sequestrar o infeliz antes de dar cabo das outras vítimas. Traíra que só, lá foi ele, bem bonita, ser teletransportado(a). E veio a luz.

_ Dona, onde eu tô?
_ Cê tá na estação Barreiro. - disse ela, enquanto jogava um molotov.
_ Tomá no cu!

A Polícia Militar tentava acalmar os populares manifestantes, mas nada segurava o povão. Vlad então resolveu não perder tempo e pegar o balaio assim mesmo. A falha nas coordenadas da máquina já tinha atrasado tudo. Melhor arrumar outro jeito de entrar. Pagou o bilhete e sentou na janela. O ônibus não estava muito cheio, mas o pessoal da ZN falava alto como se estivesse. Gente vendendo bala, testemunhas de Jeová catequisando, manetas, pernetas, punhetas e etc.

_ Aberto 24 horas uma ova, reclamou a gorda do ônibus, que não parava de falar ao celular.

_ Posso me sentar? - perguntou o pavão misterioso.

Vlad então fez assim com a cabeça.

Frase do próximo capítulo: "Engolir pode. Babar é que é o perigo."

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