sábado, 16 de fevereiro de 2008

14 - Talco no Salão



Vladmir não sabia realmente onde estava, mas alguma coisa lhe dizia que ali era o ponto de partida. A Praça da Savassi oferece infinitas possibilidades para quem não sabe onde ir. Um punhado de ruas, que dali vão sabe-se lá pra onde, ônibus de cores variadas, pessoas de todos os tipos, emos (que apesar de não serem pessoas, a lei nao permite matar), lésbicas, cantores de barzinho e afins. Ou seja, um inferno.
Vlad resolveu andar sem rumo. Quando não se tem destino, qualquer lugar tá valendo. Ele observava tudo, nome das ruas, pessoas estranhas, outdoors, qualquer coisa que pudesse fornecer alguma pista sobre o Ninho de Mafagafos. Foi quando de longe, avistou uma sujeito suspeito. Vestido com um colete amarelo e segurando um cartaz, a criatura circulava entre os carros parados no sinal e, abordando os motoristas, entregava alguns papeis em troca de uns trocados. Encucado, Vlad resolveu se aproximar.
_ Ow, como você chama?
_ Meu nome é Celton, mas pode me chamar de Celton mesmo. E você deve ser o Vlademilson, certo?
_ Bom, meu nome não é bem esse, mas devo ser sim.
_ Sabia que você vinha. Modeuso me disse que sua chegada estava próxima. Mas que que houve com sua mão?
_ Longa história, depois te conto. Agora eu estou preocupado é com Natasha. Preciso achar onde ela está escondida antes que seja tarde.
_ Relaxa fi, tudo no seu tempo. Ainda náo é hora de você encontrar o caminho. Primeiro querem que você conheça uma pessoa.

Celton levou Vlad para seu QG. Ordenou que entrasse para o banho enquanto buscava a roupa que deveria usar no encontro. Era uma roupa deveras alinhada. Alfaiataria perfeita, mangas de comprimento exato, calça que não rachava os bagos, uma obra prima.

_ Mas pra que tudo isso? Quem é que vou encontrar? - perguntou Vladmir, desconfiado.
_ Aécio Neves, o governador.
_ Tão tá.

Um carro profundamente preto chegou para buscá-lo. Não tinha hora marcada mas a pontualidade impressionou Vlad, que ainda estava meio retardado por causa da cirurgia.
Minutos mais tarde, parou suave na porta de um palácio, grande, imponente e pouco iluminado.

_ O senhor tem permissão pra entrar. - informou o motorista.

Vlad tremia. Nunca antes tinha estado tão perto de um governador. Pensava em Natasha para reunir forças. Sua auto confiança aumentava gradativamente. Pouco a pouco, galgou os degraus com a elegância de um fidalgo. Cronometradamente, as portas se abriram, revelando um majestoso salão de mármore, ornamentado com cobre e prata. Um lustre de cristal pendia do teto alto e uma foto de Fernandinho Beiramar repousava deslocada sobre o piano.
A governanta aproximou-se e fez sinal para que a seguisse. Caminharam a passos largos por um corredor escuro, cuja única iluminaçao vinha da luz que fugia por debaixo das portas. Sem bater, a governanta abriu a porta e mandou que entrasse.

_ Ele já vem. - disse a velha

Vladmir observava tudo com muita curiosidade. A mesa do governador era feita de espelho reluzente. Carreiras de um pó branco e fino ficavam ali, alinhadas perfeitamente. Um pote de notas de 1 dolar feitas em canudinhos esperavam sob a luminária.

_ Boa noite. - disse grave, a voz que veio de trás.

Frase do próximo capítulo: "Com apenas uma flecha, ele matou a rainha e sete guardas"

Um comentário:

Unknown disse...

Quem nunca comprou uma revistinha do Celton?? Bjs!! saudades de vcs! Mi :)