quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

10 – O Juca já fez isso uma vez.



Daniel era um menino muito suspeito. Tinha uns olhos meio caídos que lhe davam uma cara de coitado. Parecia que estava eternamente em busca de uma família que o adotasse. Perigoso que só vendo.

Dentro daquela cabeça loira morava um gênio do mal. Uma criatura sem limites. Vlad e a mão não imaginavam o perigo que corriam ali conversando com aquele enviado das trevas.

_ Muleque, seu pai tem carro? – perguntou a mão, querendo adiantar as coisas.

_ Tem sinsinhô. Ta na garagem da minha casa e a chave ta na prateleira perto da televisão. – disse calculadamente.

_Treuleuza. Então a gente vai fazer o seguinte: vamos pegar emprestado, mas você nao pode contar nada pro velho, beleza? Vamos fazer uma surpresa pra ele quando ele voltar do trabalho.

_ Nó, doidimais. Adoro essas coisas de surpresa. Combinado!

E Vlad seguiu pilotando uma caminhonete Ford 92, com uma caçamba abarrotada de porcaria. Não era lá grandes coisas, mas pelo menos o levaria ao seu destino. A viagem foi seguindo bem. Pararam uma vez para pedir informação, outra pra mijar e uma última pra dar carona para uma eslovaca e um indiano.

Belo Horizonte – 100 Km. – dizia a placa cravada de balas.

_ Estamos chegando, comentou alguém que não vem ao caso.

Pouco mais adiante, uma parada inesperada. Blitz.

O cabo Evandro Mesquita aproximou-se do carro.

_ Documentos!

_ Eh, na verdade, eu... digo, nós...

_ Desce todo mundo. Vou fazer uma vistoria nessa porra aqui.

A eslovaca e o indiano se entreolharam e saíram pulando. Aquela maconha toda que a Melissa tinha dado pra eles ia dar cadeia na certa. Enquanto isso, sem notar nada, o seu guarda continuava a busca.

_ Que porreéssaaqui? – gritou Evando, já chamando reforço.

A mão pensou, fudeu. E fudeu mesmo. O danado do menino Daniel tinha escondido o corpo da empregada, morta a golpes de alicate de unha, debaixo da lona da caçamba.

Frase do próximo capítulo: “Eu queria ser uma dinamite carregada de amor.”

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