Daniel era um menino muito suspeito. Tinha uns olhos meio caídos que lhe davam uma cara de coitado. Parecia que estava eternamente em busca de uma família que o adotasse. Perigoso que só vendo.
Dentro daquela cabeça loira morava um gênio do mal. Uma criatura sem limites. Vlad e a mão não imaginavam o perigo que corriam ali conversando com aquele enviado das trevas.
_ Muleque, seu pai tem carro? – perguntou a mão, querendo adiantar as coisas.
_ Tem sinsinhô. Ta na garagem da minha casa e a chave ta na prateleira perto da televisão. – disse calculadamente.
_Treuleuza. Então a gente vai fazer o seguinte: vamos pegar emprestado, mas você nao pode contar nada pro velho, beleza? Vamos fazer uma surpresa pra ele quando ele voltar do trabalho.
_ Nó, doidimais. Adoro essas coisas de surpresa. Combinado!
E Vlad seguiu pilotando uma caminhonete Ford 92, com uma caçamba abarrotada de porcaria. Não era lá grandes coisas, mas pelo menos o levaria ao seu destino. A viagem foi seguindo bem. Pararam uma vez para pedir informação, outra pra mijar e uma última pra dar carona para uma eslovaca e um indiano.
Belo Horizonte – 100 Km. – dizia a placa cravada de balas.
_ Estamos chegando, comentou alguém que não vem ao caso.
Pouco mais adiante, uma parada inesperada. Blitz.
O cabo Evandro Mesquita aproximou-se do carro.
_ Documentos!
_ Eh, na verdade, eu... digo, nós...
_ Desce todo mundo. Vou fazer uma vistoria nessa porra aqui.
A eslovaca e o indiano se entreolharam e saíram pulando. Aquela maconha toda que a Melissa tinha dado pra eles ia dar cadeia na certa. Enquanto isso, sem notar nada, o seu guarda continuava a busca.
_ Que porreéssaaqui? – gritou Evando, já chamando reforço.
A mão pensou, fudeu. E fudeu mesmo. O danado do menino Daniel tinha escondido o corpo da empregada, morta a golpes de alicate de unha, debaixo da lona da caçamba.
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