sexta-feira, 21 de setembro de 2007

01 – A soviética caliente



- Vladmir! Vladmir! - ele ouviu a voz aveludada penetrando (com jeitinho) em seus ouvidos. - Vladmir, a gente precisa sair daqui!
Zonzo ainda, ele levantou a cara deformada pela explosão e reconheceu de pronto a voluptuosa figura.
- Natasha Maria? Quê que cê tá fazendo aqui, criatura?
- Cala a boca e vamo embora antes que a gente vire mingau.
Sem motivo para desobedecer aquela gostosa com jeitão de espiã russa, Vladmir lascou a mochila nas costas e seguiu caminho, agora acompanhado.

Horas depois, desceram do ônibus e entraram numa casinha vazia, no meio da estrada, que fedia a conhaque barato. Mal trancou a porta, Natasha, que até então se mantivera calada, desandou a tagarelar.
- Seu irresponsável vagabundo sem mãe! Que idéia de camelo foi essa? Explodir o estoque de absorventes femininos da usina? Isso é lá brincadeira que se faça?
- Se tá achando que eu queria apenas constranger as meninas da usina no próximo campeonato interno de natação, você tá enganada. Meu plano era muito mais ambicioso que isso, mas infelizmente saiu do controle.
- E com isso pode ter causado o maior acidente nuclear de todos os tempos!
- Sim, pelo menos tenho história pra contar pros netos. Tem alguma coisa de comer aqui?
O jeito nem-aí de Vladmir incomodava Natasha mas também a fascinava, e ela não viu outra saída a não ser utilizar seus poucos conhecimentos culinários (adquiridos durante um work & travel em Nova Viçosa) para alimentar o pobre rapaz. Vladmir comeu o acarajé arretado lambendo os beiços. Sim, o camarão lhe dava ânsia de vômito. A pimenta lhe ardia a hemorróida. O bolinho frito de feijão fradinho só perdia em gordura para a Preta Gil (e olha que ela ainda era um bebezinho). Mas a inusitada combinação saciou sua fome ao mesmo tempo em que abriu seu apetite sexual, e ele teve com Natasha Maria uma noite ardente cujos frutos bizarros só dariam as caras nove meses depois.

Na manhã seguinte, quando Vladmir se levantou para a mijada matinal, se deparou com um bilhete colado no espelho do banheiro.

Frase do próximo capítulo: “Que fixação é essa com chouriço?!”

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